Texto: Lucas 18:1-8
Introdução:
Introdução:
Era tempo de guerra. Aprisionaram um soldado que regressara ao acampamento, vindo de uma mata próxima. Suspeito de estar mantendo contato com o inimigo, foi levado à presença do comandante.
- Que estava fazendo naquela mata, àquela hora da noite? - perguntou o oficial.
- Fui ali para orar por mim – respondeu o jovem.
Não convencido, o comandante ordenou desprezivamente que o jovem se ajoelhasse e orasse.
- Se tens habito de orar tanto por auxilio, faça-o agora.
Compreendendo que a acusação de traição poderia significar a morte, o jovem caiu de joelhos, e desabafou o coração a Deus. Foi patente, em vista de sua fervorosa conversa com o Senhor, que esta não era uma nova experiência em sua vida. Ao soltar ele as últimas palavras e abrir os olhos, viu uma nova expressão da fisionomia do comandante.
- Ergue-te – disse simplesmente o oficial – podes ir embora. Creio no que disseste. Do contrario, não poderias fazê-lo tão bem, agora.
A pratica da oração nos insere numa comunhão mais intima com Deus e dá poder à nossa vida, nos fazendo triunfar diante das adversidades.
Narrativa:
Perigo! Essa poderia ser a palavra usada para aqui resumir essa parábola de Lucas, pois o seu ponto de partida é a advertência. Jesus, tendo como público alvo os discípulos (17:22), faz uma exortação a respeito da conduta dos discípulos frente aos iminentes obstáculos que surgiriam no decorrer da caminhada cristã. E para tanto ele faz uso do recurso ilustrativo, ou parábola.
A ilustração orquestrada pelo exímio maestro Jesus traz em sua construção aspectos bastante interessantes. O fato de a parábola apresentar personagens em uma relação judicial nos desperta para o fato de que a justiça de Deus permeia toda a idéia da passagem. Entretanto, ao invés de ser recriada na parábola a objetividade e singularidade da justiça divina, vemos ser apresentado por Jesus exatamente o oposto.
O juiz na passagem está prefigurando a mediocridade e o que há de mais vil no homem, pois a justiça para ele não era objetiva, não estava baseada na verdade e sim em seus próprios interesses. A idéia que a parábola transmite ao falar a respeito dele nos mostra que o personagem retratava a figura de um juiz inescrupuloso, um homem sem caráter. E ao usar esse personagem Jesus estava retratando um quadro muito conhecido dos seus ouvintes originais, todos conheciam algum juiz que se encaixava nessas características. A falta de caráter dele impedia a justiça de ser feita. Em contrapartida Jesus apresenta a figura da viúva, que provavelmente buscava justiça em virtude de ter sido lesada financeiramente. Portanto, era uma viúva desamparada e pobre, que consequentemente não poderia pagar para que o juiz viesse a favorecê-la judicialmente, ainda que estando em busca do reconhecimento legal dos seus direitos. E diante desse quadro vemos Jesus ressaltar a insistência daquela mulher, que depois de muito insistir obteve, em seu favor, o veredicto final.
A lição que Jesus quer imprimir na mente dos seus ouvintes é que se um juiz sem caráter e corrupto respondeu às insistentes queixas daquela viúva, quanto mais Deus sendo reto e justo responderá as suplicas de seus filhos.
O alerta de Jesus quanto a uma oração perseverante diz respeito diretamente ao contexto de oração no âmbito da esperança da consumação do Reino. Os discípulos teriam que ser perseverantes e pacientes na presença de Deus, crendo que Ele faria justiça por eles.
Em Lucas 18:7 vemos ser apresentado o termo makroqumei= que, segundo uma abordagem exegética dá o sentido de julgamento e misericórdia. Kenneth Bailey diz que essa palavra aplica-se literalmente “(...) a pessoa que pode e deve afastar sua ira.” Pode ser traduzida como “remover a sua ira para bem distante”.
A ilustração orquestrada pelo exímio maestro Jesus traz em sua construção aspectos bastante interessantes. O fato de a parábola apresentar personagens em uma relação judicial nos desperta para o fato de que a justiça de Deus permeia toda a idéia da passagem. Entretanto, ao invés de ser recriada na parábola a objetividade e singularidade da justiça divina, vemos ser apresentado por Jesus exatamente o oposto.
O juiz na passagem está prefigurando a mediocridade e o que há de mais vil no homem, pois a justiça para ele não era objetiva, não estava baseada na verdade e sim em seus próprios interesses. A idéia que a parábola transmite ao falar a respeito dele nos mostra que o personagem retratava a figura de um juiz inescrupuloso, um homem sem caráter. E ao usar esse personagem Jesus estava retratando um quadro muito conhecido dos seus ouvintes originais, todos conheciam algum juiz que se encaixava nessas características. A falta de caráter dele impedia a justiça de ser feita. Em contrapartida Jesus apresenta a figura da viúva, que provavelmente buscava justiça em virtude de ter sido lesada financeiramente. Portanto, era uma viúva desamparada e pobre, que consequentemente não poderia pagar para que o juiz viesse a favorecê-la judicialmente, ainda que estando em busca do reconhecimento legal dos seus direitos. E diante desse quadro vemos Jesus ressaltar a insistência daquela mulher, que depois de muito insistir obteve, em seu favor, o veredicto final.
A lição que Jesus quer imprimir na mente dos seus ouvintes é que se um juiz sem caráter e corrupto respondeu às insistentes queixas daquela viúva, quanto mais Deus sendo reto e justo responderá as suplicas de seus filhos.
O alerta de Jesus quanto a uma oração perseverante diz respeito diretamente ao contexto de oração no âmbito da esperança da consumação do Reino. Os discípulos teriam que ser perseverantes e pacientes na presença de Deus, crendo que Ele faria justiça por eles.
Em Lucas 18:7 vemos ser apresentado o termo makroqumei= que, segundo uma abordagem exegética dá o sentido de julgamento e misericórdia. Kenneth Bailey diz que essa palavra aplica-se literalmente “(...) a pessoa que pode e deve afastar sua ira.” Pode ser traduzida como “remover a sua ira para bem distante”.
“Na makrotumein de Deus há agora possibilidade da existência de crentes diante de Deus... na confiança de que eles possam suplicar-lhes a sua justiça e graça”. (Horst, TDNT, IV, 381)
O cerne da parábola é a justiça de Deus no sentido da consumação do Reino Celestial.
Sendo assim podemos afirmar que: A justiça de Deus é o oxigênio do crente fiel.
Tendo a justiça de Deus como fator encorajador para a nossa oração, devemos ter algumas atitudes:
I. A atitude corajosa diante das adversidades:
Ao observarmos as palavras ditas por Jesus percebemos que incutida nelas havia uma exortação a respeito da conduta dos seus ouvintes em meio às pressões do mundo. Os discípulos de Jesus precisariam se mostrar convictos da fé e iminente consumação do Reino. Muitas dificuldades seriam apresentadas a eles. Mas a palavra de ordem era a de perseverar.
A parábola surge da necessidade de dramatizar o ensinamento de não olhar com receio às circunstâncias. A viúva, simbolizando o fiel, tinha todos os motivos para não querer prosseguir em virtude das circunstancias nas quais ela se encontrava. Uma viúva no contexto do Antigo Oriente Médio era alvo fácil para aproveitadores, isso quando tinha bens, e uma vez desprovida de bens acabava sendo marginalizada. Em outras palavras, as circunstancias não lhe eram propicias. Não obstante tinha a sua frente a pessoa do juiz que não apresentava muito incentivo as suas investidas. No entanto, o que causa a diferença numa situação como essa é a determinação, que por sua vez possui como pano de fundo a convicção. A convicção pode estar ancorada em duas máximas:
a. A convicção de que se terá êxito:
Essa convicção funciona diretamente na questão positiva. Parte do pressuposto de que o sucesso é certo, pois os meios responsáveis pela efetivação já foram garantidos. Quando se tem uma mola propulsora como essa fica muito mais difícil ceder terreno para que o desânimo lance suas bases e construa um monumento ao fracasso.
b. A convicção de que não se tem alternativa:
Esse tipo de convicção permeia a mente de quem, segue a diante, não porque quer, mas porque não vê outra saída. Sabe que terá um trabalho duro pela frente. Geralmente esse tipo de convicção não sustenta a pessoa até o fim da caminhada, pois lhe falta uma base de sustentação sólida, lhe falta determinação verdadeira. Essa convicção age diretamente na questão negativa. Dificilmente uma pessoa que é guiada por esse tipo de normatizador consegue transformar obstáculos em trampolins. Nós fomos chamados pra transformarmos obstáculos em trampolins! Não se deixar levar pela aparência intimidadora da adversidade é uma ordem claramente expressa por Jesus nessa passagem. O exemplo da viúva corrobora a mensagem contida nessa parábola. A mensagem de não se dobrar aos problemas e obstáculos que irão surgir, e que já tem surgido no decorrer da nossa caminhada em direção a consumação do Reino de Deus.
A gama de valores cristãos é confrontada a todo instante. A veracidade posta à prova. E diante desses desafios que o mundo nos impõe precisamos demonstrar serenidade e confiança. Certos de que a justiça de Deus será feita.
II. A atitude de exercitar a nossa fé em oração:
A questão da fé na vida de um cristão exerce uma influência tal qual a do ar para todos os seres vivos. Sem ela não produzimos, não desenvolvemos e o pior de tudo não vivemos.
A exortação a respeito de uma fé sadia e substanciosa é um item que nunca foi negligenciado no escopo da Palavra de Deus. A fé é um pré-requisito para se cultivar um relacionamento íntimo e intenso com Deus.
“A fé não pode crescer fora do ambiente da oração. A oração é seu habitat.”
J.C.P. Cockerton
A fé precisa ser cultivada e enriquecida sob a pratica incessante da oração, veículo pelo qual temos a possibilidade de nos comunicarmos mais diretamente com Deus. Jesus procurou demonstrar essa máxima durante todo o seu ministério. E assim vemos ser retratado na parábola elementos que nos evidenciam essa advertência e ensinamento de Jesus aos discípulos. A fé não poderia ser dissociada da oração em hipótese alguma. Jesus, fazendo uso da figura da viúva, demonstra essa prerrogativa descrevendo algumas atitudes tomadas por ela que, ainda que fictícia, dá mostras de elementos e atitudes reais, as quais precisam nortear a nossa vida. O elemento fé pode ser encontrado no texto na atitude da viúva em crer que por meio da sua insistência o juiz, ainda que sem escrúpulos, a iria atender. Todas as possíveis idas e vindas dela àquele fórum foram motivadas também pela certeza de que o seu pedido seria atendido. E diante dessa evidencia podemos encaixar a atitude dessa personagem criada por Jesus em Hebreus 11:1, onde vemos o escritor sagrado definir a prática da fé. O outro elemento encontrado na parábola é o da oração que é evidenciado pelas conversas que a mulher teve com o juiz até ser atendida.
“O alvo da oração é o ouvido de Deus”
C.H. Spurgeon
As nossas orações podem ser classificadas como “audiências com o juiz”, pois em oração adentramos a presença jurídica de Deus. E sendo assim, por meio de Cristo somos ouvidos por Ele. Relacionando-nos com Deus em oração temos a certeza de que as nossas orações não ficarão sem respostas, e mais objetivamente as orações feitas a favor da consumação do Reino. A oração a que a passagem se refere não é qualquer tipo de oração, o texto trata diretamente da oração que tem como pano de fundo a ardente expectativa dos eleitos de Deus em relação à segunda vinda de Cristo e consequentemente o fim do mundo nos moldes que agora conhecemos. Investir na oração é uma atitude sensata de quem tem um espírito visionário!
O que precisa nortear a mente do cristão é a certeza de que dias melhores virão dias em que o sonho, a promessa deixará de ser algo abstrato. Em oração, em conversa com Deus podemos nos manter vivos dentro dessa arena de gladiadores pós-modernos, onde somos considerados espetáculo para o mundo. Somos advertidos a contrastar com a situação cultivando uma profunda e vigorosa vida de oração. Deus responderá às suplicas daqueles que perseverarem em abrir o coração para Ele e em oração manter os seus olhos fitos no grande dia do Senhor. No entanto, crer e se manter fiel em meio a tanta distorção da verdade é um grande desafio.
Conclusão:
À semelhança daquele soldado e daquela viúva precisamos desenvolver uma intensa vida de oração diante de Deus, pois estamos inseridos em um mundo que frequentemente nos impõem obstáculos. Se não estivermos ancorados em Deus fatalmente seremos vitimas de naufrágios no decorrer da execução da nossa fé. Jesus nos deixou o alerta e nos mostrou como agirmos para não desanimarmos na esperança da redenção final. Entretanto, será que temos vivido de modo digno desse alerta?
Rev. Juliano Santana Quinto Soares
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Bibliografia
Bibliografia
- BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. Vida: São Paulo. SP. 2002
- BÍBLIA DE ESTUDO VIDA, Revista e atualizada.
- ENTENDES O QUE LÊS? Gordon D. Fee e Douglas Stuart
- BLANCHAR, John, Pérolas para a vida, Pensamentos para sermões e palestras. Edições Vida Nova, São Paulo-SP.
- MINIDICIONÁRIO da língua portuguesa Aurélio.
- CHAPELL, Bryan, Pregação Cristocêntrica. Editora Cultura Cristã. 1ª Edição 2002. São Paulo-SP.
- COLETÂNEA DE ILUSTRAÇÕES, Almeida, Natanael de Barros. Editora Vida Nova. 1997, São Paulo – SP.
- LUCAS, Introdução e Comentário, Morris, Leon L., Editora Vida Nova, 1997. São Paulo – SP.
- AS PARÁBOLAS DE LUCAS, Bailey Kenneth, Editora Vida Nova, 2001, São Paulo – SP.
- HENDRIKSEN, William, Comentário do Novo Testamento, Lucas vol 2. Editora Cultura Cristã, 2003. São Paulo – SP.
- ANALISE Morfossintática minha (texto em grego).
- Carvalho, Waldyr Luz, Novo Testamento Interlinear, Editora Cultura Cristã São Paulo.