TEXTO:Atos 10:1-8
1 Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano.
2 Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus.
3 Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!”
4 Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?” O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.
5 Agora, mande alguns homens a Jope para trazerem um certo Simão, também conhecido como Pedro,
6 que está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que fica perto do mar”.
7 Depois que o anjo que lhe falou se foi, Cornélio chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre os
seus auxiliares
8 e, contando-lhes tudo o que tinha acontecido, enviou-os a Jope.
INTRODUÇÃO
A sede por conhecimento é algo que existe na índole do homem desde a tenra infância.
Você com certeza já teve a oportunidade de ser questionado por uma criança. Para cada afirmação feita eis que surge um novo questionamento. Caso você não tenha tido essa experiência, não há dúvida que quando criança você deve ter feito muitas perguntas aos adultos que te rodeavam.
Essa atitude faz parte de toda a breve existência do homem na face da terra. Começa na infância e o acompanha até a velhice.
No decorrer da vida recebemos muitas respostas e a sede por conhecimento tende a ser abrandada. Entretanto, a sede por conhecimento espiritual só cessa em Jesus Cristo.
No texto que acabamos de ler nos é apresentado um homem que certamente já havia conhecido várias religiões e deuses diferentes, mas é na religião judaica monoteísta que ele começa a abrandar essa sede por conhecimento espiritual. Através dela ele se encontra com Cristo.
TEMA: UM HOMEM SEDENTO POR DEUS.
NESTE TEXTO PODEMOS IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DE CORNÉLIO COMO UM HOMEM SEDENTO POR DEUS.
1ª CARACTERÍSTICA: A ADORAÇÃO E O TEMOR A DEUS: V.1 e 2a
“1 Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano.
2 Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus;”
Atentemos brevemente ao significado da palavra “piedade”. Para termos piedade em nosso andar Cristão será necessário entendermos o que biblicamente é ser piedoso. A palavra “piedade” vem da palavra grega “eusebeia”, e esta é a junção de duas palavras: “eu” que significa “bom ou correto”, e “sebomaie” que significa “adorar”. Portanto, piedade é adorar bem ou corretamente.
A piedade e o temor a Deus[1] foram fatores credenciadores para que todas as outras atitudes de Cornélio fossem vistas de forma positiva por Deus.
Antes de lançar mão do exemplo de Cornélio como objeto da exposição bíblica desta noite, precisamos recordar que ele não era um cristão professo, ou mesmo, ao que tudo indica, um prosélito, ou seja, um gentio convertido e circuncidado para atender às exigências do judaísmo. Pois, vemos no texto que a referência que é feita a ele como homem temente a Deus normalmente é aplicada a pessoas que aderiam ao judaísmo, mas que não haviam sido circuncidadas.
Temos então um homem que caminhava de forma piedosa e temente a Deus, mas que não havia ainda sido alcançado pela graça salvadora do Senhor.
Como podemos então entender essa disposição de Cornélio em ser piedoso e temente a Deus? Será algo que nasceu em seu coração como reflexo da sua bondade?
Sabemos que a bondade do Homem sem Cristo não é credencial para que ele receba de Deus alguma coisa ou mesmo que o impulsione a buscá-lo. O que se passa na vida de Cornélio é o que a teologia reformada chama de despertamento da semente da regeneração. Deus mesmo iniciou a obra na vida de Cornélio, fazendo com que assim ele sentisse prazer Nele.
A piedade e o temor[2] são palavras muito caras nestes dois primeiros versículos. Ele era piedoso em virtude da preocupação em adorar a Deus da maneira correta e o temor o influenciava a considerar Deus como alguém que estava acima dele em poder e autoridade e o constrangia a obedecê-lo.
A adoração é uma expressão de temor a Deus.
Cornélio era um homem que influenciava os que estavam perto dele.
2ª CARACTERÍSTICA: A AJUDA AOS NECESSITADOS E A ORAÇÃO: V. 2b
“2b [...] dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus”.
A piedade de Cornélio ecoava através dos seus atos, pois ele não restringiu a sua busca a Deus a um único momento. Ele assumiu a adoração a Deus como um estilo de vida. A adoração era parte da sua ética de vida.
O “dar esmolas” era considerado pelos Judeus como uma grande demonstração de adoração. E ao que tudo indica Cornélio não “dava esmolas” com o intuito de receber de Deus o valor com juros e correção monetária.
Ao invés disso, o fazia para ajudar os menos favorecidos. Agindo assim ele levava a sua crença a se desvencilhar de um momento específico de adoração. A ajuda ao próximo demonstrava que algo divino estava acontecendo no seu coração.
Quando fazemos algo apenas para impressionar os outros não conseguimos fazê-lo por muito tempo. O texto nos diz que Cornélio fazia muitas doações, enfatizando assim o desprendimento dele e a disposição em fazer algo mais pelo seu próximo.
O texto também nos diz que ele orava continuamente, e isso indica que Cornélio observava os horários de oração estipulados pelos líderes judaicos. Quais sejam: às 9h, ao meio-dia e às 15h00. Isso reflete uma disciplina digna de destaque, pois ele entendia que através da oração ele podia cultivar um relacionamento com Deus, ou pelo menos cumprir a exigência liturgia judaica para tal.
O orar continuamente aqui não diz respeito necessariamente a muitas horas na presença de Deus, mas sim a momentos pré-estabelecidos nos quais ele, apesar de ser uma pessoa muito ocupada, se recolhia para orar.
3ª CARACTERÍSTICA: RECEBE A RESPOSTA QUE PRECISA: V. 3-6
3 Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!”
4 Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?” O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.
5 Agora, mande alguns homens a Jope para trazerem um certo Simão, também conhecido como Pedro,
6 que está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que fica perto do mar”.
Cornélio era com toda certeza um homem de uma conduta ética ilibável[3]. Uma pessoa como muitas que podemos encontrar em nossos dias. Com certeza cheia de virtudes. Entretanto, apesar de ser piedoso, temente a Deus, de fazer doações aos necessitados e de orar constantemente ele precisava se encontrar e se render a Cristo.
É nesse momento que muitos permanecem mergulhados em suas próprias injustiças, pois ao se depararem com essa verdade não a entendem como objetivamente necessária. Escolhendo assim permanecer em uma situação de ostracismo[4] no que tange à vida espiritual.
É importante perceber que a visão que Cornélio teve acontece durante um dos momentos de oração, e que o anjo diz que tanto as orações quanto a sua assistência aos pobres subiram como oferta a Deus. O termo oferta memorial é também utilizado na septuaginta (Lev 2:2) para indicar a porção do sacrifício que era consumida pelo fogo. Jesus em Mat 26:13 usou a mesma palavra para se referir a ação de Maria de Betânia, que o havia ungido com um perfume caríssimo. Isso nos mostra que as atitudes de Cornélio destacadas aqui foram vistas como algo de grande valor, mas ele ainda precisava de algo mais para ser aceito e selado por Deus.
A vida de Cornélio era um sacrifício vivo a Deus.
A pregação da Palavra através de Pedro era o meio pelo qual Cornélio e sua família seriam alcançados pela graça transformadora do Senhor.
4ª CARACTERÍSTICA: COMPARTILHOU A MENSAGEM QUE RECEBEU: V. 7 e 8
“7 Depois que o anjo que lhe falou se foi, Cornélio chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre os seus auxiliares
8 e, contando-lhes tudo o que tinha acontecido, enviou-os a Jope”.
O fato de Cornélio compartilhar tudo o que o anjo havia falado para ele, mostra mais um traço da sua personalidade. Uma personalidade marcada por um anseio muito grande de instruir os que estavam próximos a ele sobre tudo que fosse relacionado a uma vida de devoção e piedade. Pois, ele poderia ter chamado os oficiais e escravos e ordenado que fossem até Jope e que trouxessem Pedro, sem mencionar o motivo pelo qual o queria ali. Entretanto, o vemos gastar tempo munindo cada um deles com os detalhes do acontecido. Ele queria que todos entendessem a importância daquela mensagem.
Cornélio procurava influenciar os que estavam próximos a ele.
O fato de ele conversar com os seus servos e o soldado, ao que tudo indica, de forma tão franca sobre tudo o que havia se passado, nos mostra que a crença dele não era algo estranho aos da sua casa ou mesmo da sua tropa.
O soldado mencionado como piedoso no texto pode muito bem ter sido um fruto da influência positiva de Cornélio quanto à fé monoteísta judaíca.
CONCLUSÃO
Todos nós temos uma sede por conhecimento espiritual. Quando somos alcançados pela graça de Deus começamos a abrandá-la. Entretanto, a motivação por prosseguir em conhecer o Senhor tem que permanecer em nossos corações. Caso contrário teremos muitas dificuldades para manter um ritmo na presença de Deus e progredir em sua intimidade.
Rev. Juliano Santana Quinto Soares
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