terça-feira, 8 de dezembro de 2009
UMA PESSOA SEDENTA POR DEUS!
Atos 10,01-08
1 Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano.
2 Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus.
3 Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!”
4 Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?” O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.
5 Agora, mande alguns homens a Jope para trazerem um certo Simão, também conhecido como Pedro,
6 que está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que fica perto do mar”.
7 Depois que o anjo que lhe falou se foi, Cornélio chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre os
seus auxiliares
8 e, contando-lhes tudo o que tinha acontecido, enviou-os a Jope.
INTRODUÇÃO
A sede por conhecimento é algo que existe na índole do homem desde a tenra infância.
Você com certeza já teve a oportunidade de ser questionado por uma criança. Para cada afirmação feita eis que surge um novo questionamento. Caso você não tenha tido essa experiência, não há dúvida que quando criança você deve ter feito muitas perguntas aos adultos que te rodeavam.
Essa atitude faz parte de toda a breve existência do homem na face da terra. Começa na infância e o acompanha até a velhice.
No decorrer da vida recebemos muitas respostas e a sede por conhecimento tende a ser abrandada. Entretanto, a sede por conhecimento espiritual só cessa em Jesus Cristo.
No texto que acabamos de ler nos é apresentado um homem que certamente já havia conhecido várias religiões e deuses diferentes, mas é na religião judaica monoteísta que ele começa a abrandar essa sede por conhecimento espiritual. Através dela ele se encontra com Cristo.
TEMA: UMA PESSOA SEDENTA POR DEUS.
NESTE TEXTO PODEMOS IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DE CORNÉLIO COMO UMA PESSOA SEDENTA POR DEUS.
1ª CARACTERÍSTICA: A ADORAÇÃO E O TEMOR A DEUS: V.1 e 2a
“1 Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano.
2 Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus;”
Atentemos brevemente ao significado da palavra “piedade”. Para termos piedade em nosso andar Cristão será necessário entendermos o que biblicamente é ser piedoso. A palavra “piedade” vem da palavra grega “eusebeia”, e esta é a junção de duas palavras: “eu” que significa “bom ou correto”, e “sebomaie” que significa “adorar”. Portanto, piedade é adorar bem ou corretamente.
A piedade e o temor a Deus foram fatores credenciadores para que todas as outras atitudes de Cornélio fossem vistas de forma positiva por Deus.
Antes de lançar mão do exemplo de Cornélio como objeto da exposição bíblica desta noite, precisamos recordar que ele não era um cristão professo, ou mesmo, ao que tudo indica, um prosélito, ou seja, um gentio convertido e circuncidado para atender às exigências do judaísmo. Pois, vemos no texto que a referência que é feita a ele como homem temente a Deus normalmente é aplicada a pessoas que aderiam ao judaísmo, mas que não haviam sido circuncidadas.
Temos então um homem que caminhava de forma piedosa e temente a Deus, mas que não havia ainda sido alcançado pela graça salvadora do Senhor.
Como podemos então entender essa disposição de Cornélio em ser piedoso e temente a Deus? Será algo que nasceu em seu coração como reflexo da sua bondade?
Sabemos que a bondade do Homem sem Cristo não é credencial para que ele receba de Deus alguma coisa ou mesmo que o impulsione a buscá-lo. O que se passa na vida de Cornélio é o que a teologia reformada chama de despertamento da semente da regeneração. Deus mesmo iniciou a obra na vida de Cornélio, fazendo com que assim ele sentisse prazer Nele.
A piedade e o temor são palavras muito caras nestes dois primeiros versículos. Ele era piedoso em virtude da preocupação em adorar a Deus da maneira correta e o temor o influenciava a considerar Deus como alguém que estava acima dele em poder e autoridade e o constrangia a obedecê-lo.
A adoração é uma expressão de temor a Deus.
Cornélio era um homem que influenciava os que estavam perto dele.
2ª CARACTERÍSTICA: A AJUDA AOS NECESSITADOS E A ORAÇÃO: V. 2b
“2b [...] dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus”.
A piedade de Cornélio ecoava através dos seus atos, pois ele não restringiu a sua busca a Deus a um único momento. Ele assumiu a adoração a Deus como um estilo de vida. A adoração era parte da sua ética de vida.
O “dar esmolas” era considerado pelos Judeus como uma grande demonstração de adoração. E ao que tudo indica Cornélio não “dava esmolas” com o intuito de receber de Deus o valor com juros e correção monetária. Ex. DOAÇÃO AOS NECESSITADOS
Ao invés disso, o fazia para ajudar os menos favorecidos. Agindo assim ele levava a sua crença a (além dos limites) se desvencilhar de um momento específico de adoração. A ajuda ao próximo demonstrava que algo divino estava acontecendo no seu coração.
Quando fazemos algo apenas para impressionar os outros não conseguimos fazê-lo por muito tempo. O texto nos diz que Cornélio fazia muitas doações, enfatizando assim o desprendimento dele e a disposição em fazer algo mais pelo seu próximo.
O texto também nos diz que ele orava continuamente, e isso indica que Cornélio observava os horários de oração estipulados pelos líderes judaicos. Quais sejam: às 9h, ao meio-dia e às 15h00. Isso reflete uma disciplina digna de destaque, pois ele entendia que através da oração ele podia cultivar um relacionamento com Deus, ou pelo menos cumprir a exigência liturgia judaica para tal.
O orar continuamente aqui não diz respeito necessariamente a muitas horas na presença de Deus, mas sim a momentos pré-estabelecidos nos quais ele, apesar de ser uma pessoa muito ocupada, se recolhia para orar.
3ª CARACTERÍSTICA: POSSUIA UMA CONDUTA ÉTICA: V. 3-6
3 Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!”
4 Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?” O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.
5 Agora, mande alguns homens a Jope para trazerem um certo Simão, também conhecido como Pedro,
6 que está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que fica perto do mar”.
Cornélio era com toda certeza um homem de uma conduta ética ilibável . Uma pessoa como muitas que podemos encontrar em nossos dias. Com certeza cheia de virtudes. Entretanto, apesar de ser piedoso, temente a Deus, de fazer doações aos necessitados e de orar constantemente ele precisava se encontrar e se render a Cristo.
É nesse momento que muitos permanecem mergulhados em suas próprias injustiças, pois ao se depararem com essa verdade não a entendem como objetivamente necessária. Escolhendo assim permanecer em uma situação de ostracismo no que tange à vida espiritual.
É importante perceber que a visão que Cornélio teve acontece durante um dos momentos de oração, e que o anjo diz que tanto as orações quanto a sua assistência aos pobres subiram como oferta a Deus. O termo oferta memorial é também utilizado na septuaginta (Lev 2:2) para indicar a porção do sacrifício que era consumida pelo fogo. Jesus em Mat 26:13 usou a mesma palavra para se referir a ação de Maria de Betânia, que o havia ungido com um perfume caríssimo. Isso nos mostra que as atitudes de Cornélio destacadas aqui foram vistas como algo de grande valor, mas ele ainda precisava de algo mais para ser aceito e selado por Deus.
A vida de Cornélio era um sacrifício vivo a Deus.
A pregação da Palavra através de Pedro era o meio pelo qual Cornélio e sua família seriam alcançados pela graça transformadora do Senhor.
4ª CARACTERÍSTICA: COMPARTILHOU A MENSAGEM QUE RECEBEU: V. 7 e 8
“7 Depois que o anjo que lhe falou se foi, Cornélio chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre os seus auxiliares
8 e, contando-lhes tudo o que tinha acontecido, enviou-os a Jope”.
O fato de Cornélio compartilhar tudo o que o anjo havia falado para ele, mostra mais um traço da sua personalidade. Uma personalidade marcada por um anseio muito grande de instruir os que estavam próximos a ele sobre tudo que fosse relacionado a uma vida de devoção e piedade. Pois, ele poderia ter chamado os oficiais e escravos e ordenado que fossem até Jope e que trouxessem Pedro, sem mencionar o motivo pelo qual o queria ali. Entretanto, o vemos gastar tempo munindo cada um deles com os detalhes do acontecido. Ele queria que todos entendessem a importância daquela mensagem.
Cornélio procurava influenciar os que estavam próximos a ele.
O fato de ele conversar com os seus servos e o soldado, ao que tudo indica, de forma tão franca sobre tudo o que havia se passado, nos mostra que a crença dele não era algo estranho aos da sua casa ou mesmo da sua tropa.
O soldado mencionado como piedoso no texto pode muito bem ter sido um fruto da influência positiva de Cornélio quanto à fé monoteísta judaíca.
CONCLUSÃO
Todos nós temos uma sede por conhecimento espiritual. Quando somos alcançados pela graça de Deus começamos a abrandá-la. Entretanto, a motivação por prosseguir em conhecer o Senhor tem que permanecer em nossos corações. Caso contrário teremos muitas dificuldades para manter um ritmo na presença de Deus e progredir em sua intimidade.
terça-feira, 16 de junho de 2009
PREGAÇÃO
TEXTO: LUCAS 16:19-31
19 “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. 20 Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; 21 este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas. 22 “Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado. 23 No Hades onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. 24 Então, chamou-o: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo’.
25 “Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento. 26 E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem’.
27 “Ele respondeu: ‘Então eu te suplico, pai: manda Lázaro ir à casa de meu pai, 28 pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento’. 29 “Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam’.30 “ ‘Não, pai Abraão’, disse ele, ‘mas se alguém dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam.’
31 “Abraão respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos’ ”.
INTRODUÇÃO:
Há muitas pessoas que aprenderam a forjar a sua própria realidade, uma realidade que pode não condizer com o que de fato existe, mas é a sua realidade.
Muitos assuntos compõem essa realidade forjada, e um dentre eles é o tema de toda a explanação de Cristo neste texto.
A morte é um assunto que provoca muitas ilações, algumas meramente para anestesiar uma mente medrosa e outras para tentar justificar a vida fora do compromisso cristão.
Com base nessas deduções acerca da morte, muitos tentam fazer contato com os mortos a fim de estabelecer uma conexão entre esta realidade e a outra que foge à nossa compreensão.
O texto fala apenas sobre duas realidades: o céu e o inferno.
“Esta palavra INFERNO vem do vale dos filhos de Hinon. A princípio era um lugar belo. Acaz e Manassés queimaram crianças a Moloque ali. Era o vale da matança. Josias profanou este lugar de idolatria e transformou aquele lugar no escoadouro dos lixos da cidade - e ali o bicho roía dia e noite e o fogo era inextinguível”[1].
Na vida há sempre a possibilidade da morte, e isso só aponta para as respostas da interrogação que existem na mente de quase toda a humanidade. Ex. tentantivas de aumentar os dias de vida.
Sendo assim, meditaremos sobre AS DUAS REALIDADES E SUAS IMPLICAÇÕES!
1) A REALIDADE DO INFERNO:
Há quem diga que o inferno é uma mera e fantasiosa projeção humana, e que consequentemente não há nada com que se preocupar após a morte. Outros afirmam que o inferno é aqui na terra, mas se esquecem que no inferno não haverá a PALAVRA DE DEUS, A ALEGRIA, OS FILHOS DE DEUS, O ARREPENDIMENTO, O AMOR ETC. Outros já tentaram interpretar a vida após a morte como várias reencarnações, sendo assim o inferno não existiria como apresentado na bíblia. A idéia de que Deus é amoroso e que não permitirá que aqueles que não creram nele sofram eternamente é muito difundida também.
Entretanto, na parábola nos é apresentada a realidade por traz de tantas especulações.
Não obstante o fato de o texto apresentar a figura de um homem rico indo para o inferno e de um homem pobre indo para o céu, não devemos entender que as riquezas determinam quem irá para o inferno e a pobreza quem irá para o céu. O texto nos alerta quanto à vida de um homem que achava que tinha tudo e que, sendo assim, não precisava se preocupar com mais nada, enquanto Lázaro, apesar de não ter nada materialmente falando, tinha tudo, pois tinha a Deus.
Com toda a certeza a vida do rico requeria tanto dele, social e familiarmente, que todas as suas decisões poderiam levar em conta o que os outros pensariam dele, e que tipo de imagem ele transmitiria. Talvez isso o tenha feito se distanciar de um compromisso sério e integral com Deus.
Podemos inferir isso pelo fato do rico se referir a Abraão como “Pai”, o que demonstra que ele era um homem religioso e que conhecia a fé. E sem dúvida se tratava de um homem judeu.
O rico, neste caso, pode muito bem simbolizar aquelas pessoas que vivem uma vida meramente religiosa e que não se dão conta ou não querem ver que lhes é exigido muito mais
O inferno aqui representado identifica um local do qual ninguém poderá sair, e onde todas as suas lembranças continuarão intactas. Não haverá escapatória ou mesmo suborno.
Jesus contou esta parábola com o intuito de deixar claro que existe de fato o inferno e que não se trata de um lugar agradável ou mesmo do qual se possa fugir.
O problema daquele homem não era o dinheiro em si, mas a maneira como ele o encarava e administrava. O dinheiro era o seu Deus.
2) A REALIDADE DO CÉU:
Não é difícil encontrar pessoas que tenham uma visão distorcida do céu. Alguns entendem que no céu não haverá muito a fazer e que a eternidade se resumirá em “tocar harpa e ficar em adoração sobre nuvens”. Entretanto, quando a bíblia fala sobre a eternidade a apresenta em termos de “novos céus e nova terra” (2Pedro 3:13) “Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça”.
Esse conceito nos mostra que teremos uma vida com muito mais ocupação do que costumeiramente se imagina.
E neste céu se encontra Lázaro que é o outro personagem desta parábola. Há uma razão para o rico ser apenas citado de forma genérica, enquanto o pobre recebe o nome de Lázaro. Lázaro significa “DEUS É O MEU AUXÍLIO”, e isso identifica porque Cristo assim o batiza, pois diferentemente do rico, ele é posto na parábola para simbolizar alguém que adora a Deus de fato e de verdade.
Alguns termos da parábola constroem o cenário da miséria de Lázaro, sendo eles:
a) Mendigo e cheio de feridas; v.20
b) Esperava pelas migalhas; v.21a
As migalhas ditas aqui neste texto não tem a ver com as migalhas que vez por outra caem das nossas mesas. As migalhas aqui se referem a restos de comida, como pedaços de pão que eram usados para limpar os dedos e a boca, e que eram jogados fora.
c) Era atormentado por animais; v.21b
O termo empregado aqui para se referir a cães não é o mesmo termo utilizado para designar animais domésticos e sim animais selvagens. Podemos entender que a visita desses animais não gerava nenhum tipo de conforto no coração daquele pobre homem.
Em suma, Lázaro é uma pessoa sofrida e aparentemente desamparada, no entanto, simboliza alguém que realmente pertencia a Deus. Uma lição periférica que vemos nesta parábola a respeito de Lázaro é que apesar de estar naquela situação não o vemos blasfemar contra Deus, ou mesmo começar a ter atitudes que o descredenciassem como filho de Deus. Muito pelo contrário, vemos uma lição de como permanecer fiel a Deus ainda que em circunstâncias extremas.
O texto ainda fala que mesmo que um morto ressuscitasse as pessoas não creriam, e podemos ver essa verdade sendo confirmada todos os dias. Cristo ressuscitou, mas, tanto naquela época quanto agora encontramos não poucas pessoas que rejeitam a veracidade desse fato.
Conclusão:
A nossa vida aqui na terra caminha em direção do inevitável, e o inevitável é a morte. Fora aqueles que estarão vivos quando da volta de Cristo, todos os outros terão que passar pela morte física. Depois que isso ocorrer não há mais volta. Todos terão que viver eternamente, seja em alegria e paz ou em tormento e tristeza. Alguns dizem que o que torna o inferno tão terrível é a ausência da presença de Deus. Jesus deixa claro na parábola que todos precisam avaliar o seu compromisso, pois o rico não era alguém que desconhecia a fé. De que forma você tem encarado essas duas realidades?
Rev. Juliano Santana Quinto Soares
segunda-feira, 15 de junho de 2009
PREGAÇÃO
TEXTO:Atos 10:1-8
1 Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano.
2 Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus.
3 Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!”
4 Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?” O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.
5 Agora, mande alguns homens a Jope para trazerem um certo Simão, também conhecido como Pedro,
6 que está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que fica perto do mar”.
7 Depois que o anjo que lhe falou se foi, Cornélio chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre os
seus auxiliares
8 e, contando-lhes tudo o que tinha acontecido, enviou-os a Jope.
INTRODUÇÃO
A sede por conhecimento é algo que existe na índole do homem desde a tenra infância.
Você com certeza já teve a oportunidade de ser questionado por uma criança. Para cada afirmação feita eis que surge um novo questionamento. Caso você não tenha tido essa experiência, não há dúvida que quando criança você deve ter feito muitas perguntas aos adultos que te rodeavam.
Essa atitude faz parte de toda a breve existência do homem na face da terra. Começa na infância e o acompanha até a velhice.
No decorrer da vida recebemos muitas respostas e a sede por conhecimento tende a ser abrandada. Entretanto, a sede por conhecimento espiritual só cessa em Jesus Cristo.
No texto que acabamos de ler nos é apresentado um homem que certamente já havia conhecido várias religiões e deuses diferentes, mas é na religião judaica monoteísta que ele começa a abrandar essa sede por conhecimento espiritual. Através dela ele se encontra com Cristo.
TEMA: UM HOMEM SEDENTO POR DEUS.
NESTE TEXTO PODEMOS IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DE CORNÉLIO COMO UM HOMEM SEDENTO POR DEUS.
1ª CARACTERÍSTICA: A ADORAÇÃO E O TEMOR A DEUS: V.1 e 2a
“1 Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano.
2 Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus;”
Atentemos brevemente ao significado da palavra “piedade”. Para termos piedade em nosso andar Cristão será necessário entendermos o que biblicamente é ser piedoso. A palavra “piedade” vem da palavra grega “eusebeia”, e esta é a junção de duas palavras: “eu” que significa “bom ou correto”, e “sebomaie” que significa “adorar”. Portanto, piedade é adorar bem ou corretamente.
A piedade e o temor a Deus[1] foram fatores credenciadores para que todas as outras atitudes de Cornélio fossem vistas de forma positiva por Deus.
Antes de lançar mão do exemplo de Cornélio como objeto da exposição bíblica desta noite, precisamos recordar que ele não era um cristão professo, ou mesmo, ao que tudo indica, um prosélito, ou seja, um gentio convertido e circuncidado para atender às exigências do judaísmo. Pois, vemos no texto que a referência que é feita a ele como homem temente a Deus normalmente é aplicada a pessoas que aderiam ao judaísmo, mas que não haviam sido circuncidadas.
Temos então um homem que caminhava de forma piedosa e temente a Deus, mas que não havia ainda sido alcançado pela graça salvadora do Senhor.
Como podemos então entender essa disposição de Cornélio em ser piedoso e temente a Deus? Será algo que nasceu em seu coração como reflexo da sua bondade?
Sabemos que a bondade do Homem sem Cristo não é credencial para que ele receba de Deus alguma coisa ou mesmo que o impulsione a buscá-lo. O que se passa na vida de Cornélio é o que a teologia reformada chama de despertamento da semente da regeneração. Deus mesmo iniciou a obra na vida de Cornélio, fazendo com que assim ele sentisse prazer Nele.
A piedade e o temor[2] são palavras muito caras nestes dois primeiros versículos. Ele era piedoso em virtude da preocupação em adorar a Deus da maneira correta e o temor o influenciava a considerar Deus como alguém que estava acima dele em poder e autoridade e o constrangia a obedecê-lo.
A adoração é uma expressão de temor a Deus.
Cornélio era um homem que influenciava os que estavam perto dele.
2ª CARACTERÍSTICA: A AJUDA AOS NECESSITADOS E A ORAÇÃO: V. 2b
“2b [...] dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus”.
A piedade de Cornélio ecoava através dos seus atos, pois ele não restringiu a sua busca a Deus a um único momento. Ele assumiu a adoração a Deus como um estilo de vida. A adoração era parte da sua ética de vida.
O “dar esmolas” era considerado pelos Judeus como uma grande demonstração de adoração. E ao que tudo indica Cornélio não “dava esmolas” com o intuito de receber de Deus o valor com juros e correção monetária.
Ao invés disso, o fazia para ajudar os menos favorecidos. Agindo assim ele levava a sua crença a se desvencilhar de um momento específico de adoração. A ajuda ao próximo demonstrava que algo divino estava acontecendo no seu coração.
Quando fazemos algo apenas para impressionar os outros não conseguimos fazê-lo por muito tempo. O texto nos diz que Cornélio fazia muitas doações, enfatizando assim o desprendimento dele e a disposição em fazer algo mais pelo seu próximo.
O texto também nos diz que ele orava continuamente, e isso indica que Cornélio observava os horários de oração estipulados pelos líderes judaicos. Quais sejam: às 9h, ao meio-dia e às 15h00. Isso reflete uma disciplina digna de destaque, pois ele entendia que através da oração ele podia cultivar um relacionamento com Deus, ou pelo menos cumprir a exigência liturgia judaica para tal.
O orar continuamente aqui não diz respeito necessariamente a muitas horas na presença de Deus, mas sim a momentos pré-estabelecidos nos quais ele, apesar de ser uma pessoa muito ocupada, se recolhia para orar.
3ª CARACTERÍSTICA: RECEBE A RESPOSTA QUE PRECISA: V. 3-6
3 Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!”
4 Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?” O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.
5 Agora, mande alguns homens a Jope para trazerem um certo Simão, também conhecido como Pedro,
6 que está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, que fica perto do mar”.
Cornélio era com toda certeza um homem de uma conduta ética ilibável[3]. Uma pessoa como muitas que podemos encontrar em nossos dias. Com certeza cheia de virtudes. Entretanto, apesar de ser piedoso, temente a Deus, de fazer doações aos necessitados e de orar constantemente ele precisava se encontrar e se render a Cristo.
É nesse momento que muitos permanecem mergulhados em suas próprias injustiças, pois ao se depararem com essa verdade não a entendem como objetivamente necessária. Escolhendo assim permanecer em uma situação de ostracismo[4] no que tange à vida espiritual.
É importante perceber que a visão que Cornélio teve acontece durante um dos momentos de oração, e que o anjo diz que tanto as orações quanto a sua assistência aos pobres subiram como oferta a Deus. O termo oferta memorial é também utilizado na septuaginta (Lev 2:2) para indicar a porção do sacrifício que era consumida pelo fogo. Jesus em Mat 26:13 usou a mesma palavra para se referir a ação de Maria de Betânia, que o havia ungido com um perfume caríssimo. Isso nos mostra que as atitudes de Cornélio destacadas aqui foram vistas como algo de grande valor, mas ele ainda precisava de algo mais para ser aceito e selado por Deus.
A vida de Cornélio era um sacrifício vivo a Deus.
A pregação da Palavra através de Pedro era o meio pelo qual Cornélio e sua família seriam alcançados pela graça transformadora do Senhor.
4ª CARACTERÍSTICA: COMPARTILHOU A MENSAGEM QUE RECEBEU: V. 7 e 8
“7 Depois que o anjo que lhe falou se foi, Cornélio chamou dois dos seus servos e um soldado piedoso dentre os seus auxiliares
8 e, contando-lhes tudo o que tinha acontecido, enviou-os a Jope”.
O fato de Cornélio compartilhar tudo o que o anjo havia falado para ele, mostra mais um traço da sua personalidade. Uma personalidade marcada por um anseio muito grande de instruir os que estavam próximos a ele sobre tudo que fosse relacionado a uma vida de devoção e piedade. Pois, ele poderia ter chamado os oficiais e escravos e ordenado que fossem até Jope e que trouxessem Pedro, sem mencionar o motivo pelo qual o queria ali. Entretanto, o vemos gastar tempo munindo cada um deles com os detalhes do acontecido. Ele queria que todos entendessem a importância daquela mensagem.
Cornélio procurava influenciar os que estavam próximos a ele.
O fato de ele conversar com os seus servos e o soldado, ao que tudo indica, de forma tão franca sobre tudo o que havia se passado, nos mostra que a crença dele não era algo estranho aos da sua casa ou mesmo da sua tropa.
O soldado mencionado como piedoso no texto pode muito bem ter sido um fruto da influência positiva de Cornélio quanto à fé monoteísta judaíca.
CONCLUSÃO
Todos nós temos uma sede por conhecimento espiritual. Quando somos alcançados pela graça de Deus começamos a abrandá-la. Entretanto, a motivação por prosseguir em conhecer o Senhor tem que permanecer em nossos corações. Caso contrário teremos muitas dificuldades para manter um ritmo na presença de Deus e progredir em sua intimidade.
Rev. Juliano Santana Quinto Soares