terça-feira, 10 de junho de 2008

Comentário Apologético sobre a Santa Ceia

Comunhão

(réplica da Igreja Católica Apostólica Romana/ICAR)
Acusação: Por que os católicos comungam somente sob as espécies do Pão, e os protestantes sob espécie de Pão e Vinho, como Jesus fez na última ceia?

Resposta: A diferença entre católicos e protestantes é essencial, e bem maior do que parece:

a) Os protestantes desligaram-se da sucessão dos Apóstolos, por isso seus pastores não recebem o sacramento da ordenação sacerdotal e não têm nenhum poder espiritual a mais do que seus fiéis. Portanto, eles “presidem” apenas “a ceia”, como memória – recordação da ULTIMA CEIA de Jesus. E nela comem simples pão e bebem simples vinho, acreditando que, por esta piedosa recordação, Cristo lhes comunica sua graça e o seu amor.
b) Os sacerdotes Católicos recebem no Sacramento da ordem, o sacerdócio ministerial (realmente distinto do sacerdócio comum dos fiéis, recebido no batismo), pelo qual realizaram na Santa Missa o duplo efeito: 1º - celebraram a última ceia de Jesus; 2º - (Dentro desta comemoração, fazem o que Jesus fez nela antecipadamente): tornam, presente (aqui e agora) o sacrifício de Jesus na cruz, consumado pela separação do sangue esgotejado do corpo, simbolizando pela consagração separada de pão e vinho. É isto que Jesus ordenou aos Apóstolos e seus legítimos sucessores no sacerdócio, com as palavras: “Fazei isto em memória de mim”. (Lc 22.19).
Este sacrifício de Jesus na cruz, perpetuado em cada Santa Missa (que falta aos protestantes) - sendo a principal fonte de todas as graças – é de máxima importância. Por isso todos os católicos têm a grave obrigação, pelo 1º mandamento da Lei da igreja, de participar da Missa inteira nos domingos e festas de guarda (quando há possibilidade).
c) As provas bíblicas sobre a real presença de Jesus na Eucaristia são as seguintes:

a) Os evangelhos foram escritos na língua grega, de alta cultura, em que existem muitas expressões para os verbos “simbolizar, significar, representar, lembrar, etc”. No entanto, os três evangelistas e S. Paulo, ao descreverem a Última Ceia de Jesus, usam exclusividade a palavra “é”: Isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu sangue”. (Mt 26.26; Mc 14.22s; Lc 22.19s; ICor 11.23s)

b) Jesus falava ao povo simples, com palavras claras e compreensíveis. Quando usava comparações, p.ex.: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”; - ninguém reclamava, e ano esperava ver os apóstolos transformados em imagens de sal ou de luz. Quando, porém, Jesus lhes disse: “este é o pão que desceu do céu, se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu vos darei é a minha carne (imolada) pela vida do mundo”. (Jo 6.50-51) – então os judeus o entendem verbalmente e reclamam dizendo: “Como pode Ele dar-nos a comer sua carne?” E Jesus reafirma: “Em verdade, em verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós... pois a minha carne é um verdadeiro alimento e o meu sangue é uma verdadeira bebida. Quem come deste pão viverá eternamente”; (Jo 6.52-58). Até muitos discípulos seus o entenderam assim verbalmente, e por isso murmuraram e se retiraram dizendo: “É dura tal linguagem; quem pode escutá-la?” (Jo 6.60-66). Mas Jesus não se retrata, para os recuperar. Pelo contrário, pergunta aos doze Apóstolos: “Também vós quereis partir?”. E então Simão Pedro dá a bela resposta da fé, em nome dos Apóstolos e de todos os fiéis católicos: “Para quem iremos nós, Senhor? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”. (Jo 6.67-71). Porém, somente na Última Ceia foi lhes revelada a maneirar de alimentar-se com o Corpo e o Sangue de Jesus, velado sob espécies de pão e vinho consagrados.

c) Outra prova bíblica sobre a verdadeira presença de Jesus na Eucaristia, são as admoestações de S. Paulo aos Coríntios: “e por isso, todo aquele que comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, torna-se culpado do corpo e do sangue do Senhor... Pois quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo. Come e bebe a própria condenação”. (ICor 11.27-29).

e) A Comunhão sob uma ou duas espécies não constitui essencial diferença já que em cada pedacinho de pão e em cada gota de vinho consagrados recebemos Jesus inteiro, vivo e ressuscitado; como consta claramente de suas palavras (Jo 6.51-56): “Eu sou o pão vivo que desceu do céu... e o pão que Eu hei de dar é a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em Mim e Eu nele”. Claro, não é um pouquinho de carne ou sangue que recebemos na santa ;comunhão, mas o “Eu” de Jesus: a Pessoa do Filho de Deus Encarnado – nosso Salvador.
Por isso os primeiros cristãos costumavam levar aos encarcerados pela fé, somente o pão consagrado; e aos doentes que não conseguem engolir um pedacinho da hóstia consagrada, a igreja recomenda administrar algumas gotas do vinho consagrado. E em grupos, menores e bem preparados, pode-se administrar a Santa Comunhão sob duas espécies. O que mais importa é a viva fé, humildade e piedade diante deste Santíssimo Sacramento do Amor! Daí, o 3º Mandamento da Lei da igreja nos obriga: Comungar ao menos uma vez por ano, pela Páscoa da Ressurreição; e recomenda faze-lo em cada santa Missa!

Que pena que pela falta de fé no poder e no amor infinitos de Jesus, tantos “crentes” se afastaram desta “árvore da vida” presente entre nós até o fim do mundo – na Eucaristia; apesar de suas palavras clara: “Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6.53).
Padre Vicente Wrosz

Tréplica
Diante da proposta de réplica apresentada pelo Padre Vicente Wrosz a respeito de comunhão eu começarei a minha tréplica a partir da alínea “a”, onde ele se propõe a fazer uma análise do perfil protestante.
Nessa alínea ele diz que os “protestantes se desligaram da sucessão apostólica, por isso os seus pastores não recebem o sacramento da ordenação sacerdotal e não tem nenhum poder espiritual a mais do que seus fiéis”. O padre Vicente afere a posição dos protestantes e dos seus ministros mediante uma distorcida visão exegética e hermenêutica a respeito do texto bíblico básico usado por eles para defenderem a sucessão apostólica (Mt 16:18-19).
O conceito católico que prega uma sucessão apostólica na pessoa do papa é totalmente antibíblica. O titulo de “apostolo” só pode ser atribuído de uma forma completa aos doze escolhidos por Jesus e a Paulo, se aplicando também a homens que foram cooperadores de Paulo. (At 14:4,14; I Co 9:5-6; II Co 8:23; Gl 1:19)
Os apóstolos receberam da parte de Deus a missão de lançar as bases da igreja para toda a sua existência. Além do mais, os apóstolos precisavam responder a alguns critérios:
a) Tinham que ser diretamente comissionados por Deus ou por Jesus Cristo, Mc 3:14; Lc 6:13; Gl 1:1;
b) Tinham que ser testemunhas da vida de Cristo e, principalmente, de sua ressurreição, Jo 15:27; At 1:21-22; I Co 9:1;
c) Tinham que ter consciência que estavam sendo inspirados pelo Espírito de Deus em todo o seu ensino, oral e escrito, At 15:28; I Co 2:13, ITs 4:8; I Jo 5:9-12;
d) Tinham o poder de realizar milagres e o usaram em diversas ocasiões para referendar sua mensagem, II Co 12:12; Hb 2:4.[1]
Sendo assim, diante de todas essas prerrogativas entendemos, à luz da Palavra de Deus, que a sucessão apostólica pregada pela ICAR é antibíblica.
A outra falácia do argumento católico reside no fato de que eles postulam que Pedro era, como primeiro Papa, superior aos demais apóstolos. Entretanto, em II Co 11:5 e 12:11 vemos Paulo dizer que ele não é inferior aos apóstolos. Outra passagem bíblica que se encontra em Gl 2:11-14 mostra Paulo repreendendo a Pedro, o que não teria acontecido se este fosse inferior àquele.
O padre Vicente Wrosz ao falar que os pastores protestantes não tem nenhum poder maior que o dos seus liderados e por isso a ceia é celebrada com simples pão e simples vinho, está em primeiro lugar usando o modelo católico de clero e igreja para poder aferir a funcionalidade e poder confiados ao ministro protestante, contudo, ao fazer essa acusação eles estão se baseando numa hipotética sucessão apostólica que transforma o papa em um “semi-deus”. Mas podemos constatar, na argumentação que fiz acima, que essa visão católica não é procedente da Palavra de Deus. O texto de I Pe 2:5,9 desmonta qualquer articulação católica nesse sentido, pois mostra que Cristo nos fez sacerdotes e que o único que serve como mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo homem. I Tm 2:5

SANTA CEIA
Ao falar da santa ceia o padre Vicente Wrosz afirma que os protestantes celebram a ceia com “simples pão e com simples vinho”, nesse caso em especial ele acerta no que diz, pois para nós a santa ceia é sim um memorial e o pão e o vinho continuam sendo pão e vinho. A ICAR tenta argumentar a transubstanciação com base em Jo 6:50 e segtes na qual supostamente Jesus estava falando de forma literal a respeito do pão e do vinho. Entretanto “[...] é evidente que a primeira passagem é figurada como as de Jo 14:6; 15:1; 10:9, e outras e a ultima, compreendida literalmente, ensinaria mais do que o próprio católico romano estaria disposto a conceder [...]”.[2] E podemos ver claramente que no versículo 63 o Senhor está se referindo à uma questão espiritual. A outra questão que pesa contra a ICAR é o fato dela sustentar uma transubstanciação que não altera a estrutura molecular dos elementos da ceia, algo que é no mínimo irracional.
Jesus Cristo, após abençoar o sacramento, ainda o chamou de ‘o fruto da vide’ – não seu sangue literal ( veja Mt 26:29). Paulo também disse que o pão permanece pão ( I Co 11:27-28). [3]

A ICAR ainda postula que “este sacrifício de Jesus na cruz, (é), perpetuado em cada santa missa”. Entretanto, a Palavra de Deus nos diz em Hebreus 7:27; 9:12, 24-26, 10:12 e Rm 6:9-10 que o sacrifício de Jesus é perfeito e que não necessita de nenhum outro complemento.Ele morreu uma vez por todas uma única vez. A própria missa é um instrumento de acusação contra a ICAR, pois ela mesma diz que o sacrifício de Cristo na cruz é perpetuado em cada missa, e ela mesma pode ser caracterizada como um “pecado”, haja vista que nega a eficácia total do sacrifício de Cristo na cruz de uma vez por todas.

AS PROVAS BÍBLICAS

Ao se propor falar das provas bíblicas a ICAR aborda única e exclusivamente de modo literal e sendo assim o assunto acaba se remetendo à discussão proposta e abarcada acima. Sendo que o assunto principal desse desvio de interpretação é o fato da ICAR não abordar os textos bíblicos à luz de seus contextos e de usar uma hermenêutica frágil. Cristo nunca quis se referir literalmente e fisicamente nos elementos da ceia, e sim ( nos texto por eles propostos para comprovar sua tese) apresentar uma presença real, contudo espiritual na ceia.

CONCLUSÃO
Essa perspectiva da ICAR nos mostra que gradativamente os conceitos humanos foram tomando o lugar da Palavra de Deus no seio desta igreja. Essa é uma discussão que nos dá a certeza de que precisamos conhecer cada vez mais a Palavra do Senhor para que possamos diagnosticar e ir contra todo o ensinamento que coloque em xeque a verdade suprema do Evangelho.

Rev. Juilano Santana Quinto Soares



Bibliografia

  • BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. (5ª tiragem 1998. Campinas –SP. Luz Para o Caminho, 1998.)
  • STROSSMAYER. O Papado e a Infalibilidade. Minas Gerais: Igreja Evangélica Presbiteriana.
  • José do Nascimento Filho, Antônio. Fides Reformata – Volume 4 – Número 2, 1999.
  • HIDDERBOS, Herman. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2005.
  • Bíblia 3.0 Módulo Avançado.
    _____http://www.monergismo.com/textos/catolicismo/Catolicismo_Romano_Schwertley.pdf

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[1] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. (5ª tiragem 1998. Campinas –SP. Luz Para o Caminho, 1998.), p. 589.
[2] Ibid, p.658
[3] http://www.monergismo.com/textos/catolicismo/Catolicismo_Romano_Schwertley.pdf

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